A artroplastia de Girdlestone foi realizada e documentada, pela primeira vez, por Schmalz (1817) e White (1821) para tratar crianças com tuberculose da articulação coxofemoral.
Em 1928, Girdlestone descreveu resumidamente este procedimento utilizando-o para o tratamento da tuberculose da pélvs e mais tarde, em 1943, Girdlestone difundiu esta técnica mundialmente como uma solução para o tratamento das patologias sépticas e tuberculosas da pélvis.
Actualmente, a artroplastia de recessão de Girdlestone (ARG) é utilizada como uma cirurgia alternativa para a falha e/ou infecção da prótese total da anca (PTA), sepsis grave da anca e falhas cirúrgicas prévias, sem condições ósseas para a realização de um procedimento cirúrgico que preserve a anatomia funcional articular. Hoje em dia, o termo Girdlestone é aplicado à condição em que se encontram os pacientes que removeram a prótese (YAMAMATO, et al, 2006).
O material protésico (cabeça femural metálica e cúpula acetabular plástica) é retirado e o espaço vazio será ocupado por tecido fibroso cicatricial. A articulação permanece muito instável, obrigando o paciente a utilizar canadianas durante a marcha, contudo, como contrapartida, existe grande mobilidade, facilitando o sentar, o sair de viaturas e mesmo baixar-se. Nestas circunstâncias, a própria condição é quase indolor. Caso ocorra rigidez, há maior estabilidade, mas também dor, por vezes incapacitante (SERRA, 2001).
O principal objectivo desta técnica consiste em minimizar a recidiva de infecção e o alívio da dor, assim como, melhorar a função do paciente, e promover satisfação (FERRE, 2007).
No entanto, alguns autores afirmam que a cirurgia de Girdlestone é uma técnica funcionalmente pobre, pois altera o estilo de vida do paciente, leva a alterações posturais, à fadiga precoce proveniente do alto consumo de energia para a marcha, a instabilidade articular pós-operatória, o distúrbio da marcha com presença do sinal de Trendelemburg, a necessidade de suporte externo para locomoção e o encurtamento do membro afectado, constituindo uma séria desvantagem cirúrgica (YAMAMATO, et al, 2006).
Na universidade da Flórida, 21 pacientes foram submetidos a ARG após o diagnóstico de PTA infectada e foram reavaliados depois do procedimento. Os resultados destes pacientes sugeriram que a artroplastia de recessão pós PTA infectada prevê piores resultados funcionais.
De Laat concluiu que a artroplastia de acordo com Girdlestone, em alguns casos, constitui a única solução para garantir uma boa qualidade de vida para pacientes com patologias na articulação do quadril, porém, McElwaine e Colville afirmam que uma das grandes desvantagens deste procedimento é a alteração no estilo de vida desses pacientes (YAMAMATO, et al, 2006).
A foto inferior refere-se a uma utente acamada, sem potencial de marcha, com fracturas bilaterais, como visto num post anterior. Foi realizado encavilhamento no femur direito, e no femur esquerdo como não possuia condições ósseas para a realização de um procedimento cirúrgico que preservasse a anatomia funcional articular, foi realizado o procedimento de Girdlestone.
Sem comentários:
Enviar um comentário